quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Madalena, Poetisa Traída

"É cômico de como surgiu esta crônica, durante uma das aulas de Redação, o professor nos pediu para desenvolver um texto em terceira pessoa contendo as palavras: Lapiseira, Esquimó correndo e Cineclube, eis que desenvolvi esta crônica, somente com estas indicações."

Era uma lapiseira caída no chão depois de versos escritos, assinatura de Madalena, Madalena da vida, de horrores, de canções populares. Seus olhos adormecidos sobre papéis de poemas, os cabelos negros desajeitados, esperando passar duas ou três horas para surtir novos contos. Madalena é poetisa, mas não se considera tal, a depressão corrõe sua carne, a flecha com seu guizo acerta seu coração, que explode paixões, solidão de frente pro mar.
Ela havia se levantado, despertou-se com as trovoadas, o céu estava nublado, Madalena bocejou, correu para uma xícara de café e como de costume acendeu um cigarro. Madalena fora traída pelo amor por quem amava, entrara em estado de coma espiritual, seu amor era intenso, absoluto, nada normal, divino e não passageiro.
O relógio marcava quase quatro horas, ela habitualmente estava atrasada para o encontro do cineclube, espaço de encontro de poetas, românticos desiludidos. Naquela Avenida Moura Filho, número trinta e sete, o cineclube se encontrava, servia-se bebidas para com efeito dopamina, para transceder da realidade inquieta, fumaças de cigarro.
Madalena chegara com teus rascunhos pouco legíveis, naquele sono havia sonhado com outro romance, Madalena está viva, mas era década de setenta, mil novecentas e setenta e um, Elis Regina chegara ao cine e sentara-se junto ao músico.
"Esquimó correndo, liberdade do homem frutificada no ventre da vida, paixão perigosa, mulher proibida, liberdade como esquimó correndo por entre o vazio polar." Madalena apresentara seu pequeno verso refletindo a liberdade, Elis encantara-se com aquelas minuciosas palavras de Madalena brasileira.
Elis Regina sentada junto ao músico, começando em tom alto, iniciava o verso, "Ô Madalena o meu peito percebeu que o mar é uma gota comparada ao pranto meu." Madalena apaixonada tornara-se canção popular na voz da querida Elis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário