segunda-feira, 20 de maio de 2013

Penetração Atrevida

Aliás, tive um sonho com você...
Não sei se era bom ou controverso
O fato é que era você. Você mesmo que causa fúria
E que penetrou só para me provocar
Não te digo
Se és malandro, arrisque Tu.
Não estou revelando
Aliás, és tu que estiveste em sonho meu?
Diga!

Todo enraivecido na fúria de uma arte furiosa
Essa minha arte que é você despertando os sentidos mais impróprios
Nesse alguém que sou eu
Prefiro não mencionar
Só digo que provoca
Bestializado fico com tantas inconformações. Creio que meterei.
Me terei a fim de extraviar tanta informação que disponho de Te.

Enraivece descrever tanta gente como você com ardor e poesia
Não és ardor, tanto menos poesia
És cru
És somente nu, um, nu.
No entanto insisto em dignificar a você num papel em muitas letras
Mais que lindo!
Um comentário profano de um deus literário que em verdade é alguém sem posses
O que me enraivece
E para distrair
Só tosse.

Dormi. Acordei.
Não sonhei com você.
Que vieste buscar em meus pensamentos?
Se não vieste buscar a mim e encarcerar meus devaneios....
Tome o caminho da rua
A porte de entrada também servirá de saída.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Jardim de Pele

Ele é a parte fúnebre do Jardim do Éden. Desde a pele rasgada  marcha em direção ao vento.
"O amor é a invenção mais problemática e jamais solucionada no agora e no futuro. Os amantes se intercalam, e ao se misturarem se perdem e se encontram numa traição pela carne. A carne apodrece depois de um respaldo de consciência, mas até ao chegar desta ideia, o coração desacelera, mesmo amando".
Esta era a mensagem de sua caderneta posta no criado mudo, não se sabia o autor, mas era o que não precisava ler, era o que precisava absorver.
As remelas saltavam dos olhos fundos e redondos, acordado com a alma ainda amassada, salto de um pulo, e a primeira coisa que fazia era olhar para a janela, à ver se o dia já amanhecera, se chovia, se o sol perturbava ou acalmava. Sua primeira era de ideia era o pensar nele, no pobre sujeito humano que flechara seu órgão cardíaco que agora acelerava a cada pensamento no ele, nas cousas dele, nas partituras dele. Pensava em seu café, seu corpo com ou sem fé, se o banho tardava ou recuava. Pensas nele? Não se sabe, nascia a tortura, caia a democracia. Tudo amanhecia mal, o ditador impostava um pensamento quase fúnebre no ele, de perda e de vontade. Seria ele seu amante, sua obsessão ou sua vontade perdida encontrada em qualquer órgão sexual infalível?
Rumou para o banheiro, não lavava o rosto, a água era gelada e manchava sua feição descosturada, quente e matinal. Sentou-se no sanitário, e pensava na primeira canção que viria a cabeça, nada de canção triste, queria algo de Elis, algo de Zé, ou qualquer canção americana, e nesta hora cantava uma parte, cansava-se, trocava de canção. Comandava sua sentença e qualquer música era o indício deixado por ele, mesmo sem sua permissão, pois aliás, permitira ele que ele pudesse pensar tanto nele? Suas orelhas entrariam em chamas? Não importava. Seu ideal era burlar as leis do sentimento fadado, mas mesmo assim não deixava de consultar o horóscopo ou qualquer sorriso amigo e cheio (ou não) de experiências.
Levantara-se do sanitário, percorreu moribundo até a sala de estar, parava, refletia e lhe saltava uma enorme vontade de fazer inúmeras caretas, sim, milhares de facetas, queria se enganar, se burlar, se alienar do próprio sentimento. Nascia infindáveis personagens em sua expressão, pobres e ricos de espírito, de porcos banhados se vangloriando das pérolas ganhas. Fazia a respiração, contava os passos, arreganhava os dentes e apareceu na janela. Não, a multidão não esperava por ele, e nem sombra de vento ou sombra de sua sombra ainda dormida, só um céu. Ah! Só o céu não bastava, sempre queria mais que a natureza pudesse oferecer. Ele era Deus em seu próprio rascunho, mas aquele imperfeito e cheio de infiéis. 
Cansara-se deste pequeno espaço de tempo, queria voltar a dormir, era quase uma vontade de ser um panda, mas não passava de um pandemônio que assustava-se com seus íntimos pensamentos. 
Ele amanhecera sem sexo no corpo, mas com sexo na mente, pensando nele e no seu corpo matinal e robusto. Se atormentou e foi até a cozinha, raivoso consigo próprio, e que não passasse ninguém e que não ousasse dar o Bom dia farto e ensolarado, seria capaz de lançar sobre tal a mais vil praga provinda do deserto egípcio. O rei se instalara e não queria ser incomodado. 
O que vinha na mente era o cheiro do café, mas não podia beber, era quente. Preferiu abrir a geladeira; abriu; lançou o bocejo mais fraternal, fechou a geladeira; Caminhou até a área de serviço, mirava as roupas, não queria se vestir, pensava nos nus dos corpos, a roupa não secara, e ainda assim pensava nas roupas sujas que teria que lavar, mas com ele, mas isso só era ideia, não cogitava a concretização. Tudo se tornaria poesia, inclusive as roupas e os produtos de limpeza. 
Voltara e num largar, ligar o motor das ideias do cotidiano e se lançou por entre os talheres e louças. Mordia a fruta, não pensava em nada, só no alimento percorrendo seu corpo e lhe dando força e saciedade. Engolia o leite, bebia o pão, e decidira no congresso individual se sentar na mesa como para refletir e des(misturar) os planos e ele. Até no café, que não havia café, havia ele. Pobre maldito, arrumara  um ser, um rapaz, um homem por projeto para não cessar o pensamento nele. Sem tantos dias, sem  tantas semanas ou horas, era ele, e ele tinha certeza de que o acerto, seria o certo, o correto, o descoberto. 
Levantara-se e ainda sem terminar de mastigar, movera-se de volta para a cozinha, lavava e lavava a louça, e gostava da água penetrando em seus dedos, esfriando suas mãos e dedos ainda quentes e amassados, cantava, recitava, fazia qualquer coisa que era arte, ali até na louça, no mais ínfimo cotidiano sem cor, encontrava arte e ele. A arte de seu agora era ele, mesmo fúnebre, lhe amparava em cor nos escritos cerebrais, nas tentações de planos para eles. 
Arruinara o relógio e novamente, um vento jazia somente sobre ele, não gostaria de ser quem era naquele determinado dia. Os lábios não cabiam para seu rosto, o cabelo não podia existir, as pernas e pés não lhe pertenciam; agora lhe assombrava o pensamento que não poderia ser ele o tal amado e tanto pensado pelo ele que ele pensava.
Se descosturou, aniquilou a roupa e nu se adorava, se vangloriava de seu corpo, sua matéria crua mas sem sexo, sem Diabos ou tentações. O banho era frio e lhe melava o corpo, se fosse mel, ai se fosse mel. As abelhas viriam e ele se entregaria e logo depois pensaria constantemente nas abelhas, em seu amor, em suas estruturas e asas, que voariam logo depois de usarem ele, para longe dele. Ai, o banho dele terminara, se penteava, se enxugava, cantava, novamente cantava, como era bom para ele, esse horário. Melhorara, sentia-se na rotina perfeita do dia perfeito.
Percorria nu do banheiro até o quarto e esse trajeto era mágico, sem tempo, não havia tempo, a sua natureza primária era livre e neste espaço de minutos, era como Adão, no Jardim do Éden. Sem traumas, sem infelicidades, sem tragédias ou maças expurgadas. Era somente outro em seu eu desnudo.
Já não pensava tanto nele, relia novamente:
""O amor é a invenção mais problemática e jamais solucionada no agora e no futuro. Os amantes se intercalam, e ao se misturarem se perdem e se encontram numa traição pela carne. A carne apodrece depois de um respaldo de consciência, mas até ao chegar desta ideia, o coração desacelera, mesmo amando".
Refletia e seu corpo agora era moreno e saudável, ensolarado e conexo com o céu, com a possível brisa com outros possíveis amantes e poetas.
Esquecera ele a partir de seu nu, a partir da releitura da frase imperfeita, verídica e traidora. 
Há algum quarto de hora, aniquilaria a si do tanto pensar nele. Ele não dera bom dia pelas conexões telepáticas, e assim era deste momento que nasceria o amor primário para ser transportado para o cotidiano indiferente.
Adão era ele. Ainda não vestido erguia o corpo no espaço do quarto e decidira colocar o primeiro pé para fora de casa sem pensar nele. Aliás porque, fora de casa há tantos humanos e animais. Ao passar a mão sobre o rosto esfregando nascia o pensamento - " Não se burle, o anule"
O jardim da pele era o corpo nu falando ao corpo vestido e carregado. Sem ele, era só ele.
Vestia-se e novamente, consertara o relógio e faltavam 15 minutos para não se atrasar.
Assim nascia o dia!

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Resquícios.

Quero não falar qualquer coisa
Coisa em vãos, coisas sem amarras
Ou palavras que não absorvam.
Por um momento sou desbocado
Mal criado, sem juízo, impertinente
Um bicho indomável, um rapaz intolerável
Seu afago, tua falta de paz, tua miragem distorcida.

Veja, possuiu a mim as coisas costuradas e remendadas
Porém belas, e trazidas como flor para você.
Se não te recordas
Neste intuito encanto nada posso fazer.
Faço sempre hora, não calo
Nada falo, tudo quero mentir
Omitir
Te contrair, te desabotoar, te desmentir
Não te esquives
Não te vadias
Nada é ordem 
Tudo é para o acalentar de duas proles
Dois polens
Crescidos
Pouco ou mal vividos
Mudos, falantes
Desde esses dois aos outros proibidos.
Mire como sou
Fale o que vês

Só posso aquilo que me ofereces
Por lei
Por olhar
Desde que entreguei meu corpo nu, jogado e frágil.