domingo, 1 de fevereiro de 2015

Esta Cidade

Vontade primitiva de correr descalço pelos ventres desta cidade
instaurar nova civilização, conduzir o povoado de minhas ideias
rugir sem cessar, ir e vir ao cair e assombrar da noite 
em qualquer hora, qualquer minuto, todo asfalto.
Vontade rasgada de ser qualquer um, sentir seu vento, provar seu fruto
ameaçar sua descoragem, desnudar, correr, correr, um pouco mais correr
Vontade da vontade de possuir suas aspirações
olhar pela janela de qualquer prédio
entrar em centenas de umas casas
sentar em algum qualquer sofá desta cidade e assistir sua vida cotidiana, fluída e incapaz.
Vasta vontade de ser a luz de seus olhos, sua escuridão contida, seu recomeço
Sou eu,  é você, somos nós diferentes, alheios a prosa mal contida desta cidade
Seu alvoroço
Sua enfermidade
Esperança singela.
Apenas sou seu desconhecido, febril, penetra em seus ares desvirginados
um mais, cem mil aspirações.
De nada venho, ao tudo busco sobreviver
Me afogar em seus mares de cá e lá, pertencer às suas ruas avessas iluminadas
ler em praça pública suas maledicências e maravilhas
seus prantos confundidos aos meus
de amores. Trezentos e sessenta e cinco amores.
Infinito de vontade de escancarar os desejos que me velam sobre estar em tal cidade
sendo finito abrigo o infinito
senão consequência, vontade de voar por seu norte e sul
ser andarilho do tempo, não da hora.
Sou pura vontade
de ser
o que me infinito puder ser.

domingo, 16 de novembro de 2014

Oração

Ao findar de dias tenebrosos
um bom resquício de oração
o entrelaçar dos dedos
o encouraçar da alma
a estranheza da obviedade
o silêncio dos lábios.
Aquietação permanente despontando em meus nortes racionais
a trégua revela-se indisponível
o sumiço de mim aponta cartazes pela cidade, pelo oceano, pelo breu
Acontece-me estupidezes
a quem refiro-me, soa a mim mesmo
confundido, mortal, banal criatura de assombros diurnos.
Valha-me os pensamentos benéficos
as miragens sinceras
os cantos ouvidos ao distante do real
o imaginário concede seu corpo irreal para meu abraço sincero, oportuno e quente
quente encontro este que sou na frieza de fatos irremediáveis.
Nada é por acaso
o rabisco
a obra
o deleite
o desprazer
a lágrima de sal escorrendo pelos olhos, corpo, até o brotar na terra, sedenta.
Regozijo à esperas fulminantes
olhos à brilhar pelo verdadeiro olhar
a quentura das mãos
o açúcar de suas palavras.
Ao equilíbrio, ao conhecimento
à expansão veiculando todos os canais cobertos
exalando cores
inserindo vontades sinceras.
Vou
Paro
Fico
Anoiteço
Desmereço
Embaraço
Recomeço ao anunciar de catedrais longínquas.
Quedo fisicamente presente
Almamente me vou
Numa rajada de vento.
Peito aberto.
Coração branco.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Casamento

Sei como se sente ao amanhecer
Ao chegar, ao despertar
Aconteca a mim, o que acontecido que se foi
Resguardo-me para que me bebas como água ou vinho
ou para que me trague como erva.
Sente-se.
Há coisas que necessito falar
mas em tua face, redescubro coisas  que antes nao sabia
Por falta ou por excesso.

Nao sei dos mares
Sei apenas das tempestades que mergulham em mim, quanto egoísmo
Na ansia embriagada de receber-te como inspiracao
para nao expirar-te vivo os dias sem folego
Acontecendo-me lindamente por ti
Voltas e revoltas
Descaminho os mundos e já nao sei fazer prece
a exasperacao do sono confortável domina o que sou, aparentando nao ser
Sou presa e cacado estou
em jaulas
ofegantes jaulas
desejo ser assim
ter olhos, ter lábios, ter ouvidos para serem beijados
apreciados como dose de alcool ou milimetro de veneno.
 
Já fostes ao trincar do mundo
Perdoo teus pecados
desde que seja eu teu único diabo (com asas).

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Falso Imaginario

Chove mas minhas lagrimas nao caem
Quentes, pedras revolucionam-se adentro de mim
Corroendo essas veias banais de um corpo
Corpo torto gozando de prazeres
Nao sao meus esses prazeres externos.
Sinto-me pequeno como jamais poderia ser
assim vejo a mim diante do espelho farsa
Mentindo
E assim em confissao, odeio
numa palavra concreta-pulsante-reflexiva
Instinto. Sou o puro instinto errante
que erra justamente nestas palavras. Sem acento. Sem vento
Sem o proprio eu.
Partindo sempre estou
fora de mim, dentro, ao avesso, penetrado. Contorcendo
Dizendo coisas insensatas somente pelo puro prazer da dor
de amargurar, de saber o que nao suporto
Tento, mas calma. Nao faca assim
tao pequeno sou, miudo, calado, em cacos diante do espelho do banheiro pequeno, tao confesso.

Atras da porta estou a escutar murmurinhos
Zunidos, contradicoes. Sera que sou isso?
Uma criatura, um ser sem palavras num imaginario falso
Palavras faladas doem. palavras escritas doem um pouco menos
Ao ecoar de seus labios vem acompanhada de teu halito quente, fresco
E seria como se o passado viesse a tona
em chicotes, assim, penitenciando a mim por seus erros. Bravos erros
Acerto que sou nada posso compreender. O passado e uma roupa lavada que a qualquer momento alguem pode tirar do varal
e essa roupa pode vir limpa ou desbotada.
O presente queima, mas o passado coca, e coca sem parar, definhando a carne.
Ah! essa gente conexa faz muito barulho sendo que ja chega a hora de dormir
Repousar a carne.
mas vejo uma barata no chao no meio da noite quando saio para beber agua e ja nao me espanto, ela traz a certeza de que acordado me encontro, dilacerando as horas
as feridas, as tais palavras faladas, e nao escritas.
Nu, prefiro ficar nu para sentir, sentir verdadeiramente o que se passa.
Comovo-me com coisas suas, pequenas, expostas, tao suas coisas que de serem tuas
o faz assim, uma palavra escrita.

Uma fera que me guardo. Zumbo pela mata de medos
machuco para nao ser ferido, mas assim morro. no desgosto, no rosto, nas entrelinhas
buscando os mais pequenos cacos pelo chao do banheiro
precisso sair recomposto, para tais palavras
Como uma lacraia asquerosa contorcendo se num beco umido e escuro me sinto
Assim sentindo o resto-rosto como impenetraveis. Insaciavel que releio a memoria
cocando o peito, a nuca, as maos assim o passado se alastra
domado, so relembro de palavras faladas. Venenosas como cobras, torturando uma lembranca inquieta.
Como o Diabo ama, em chamas, assim amo, em chamas.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Palavras de um Dia Frio para um Corpo em Chamas.

Manhã que se assemelha a tarde
Dia que se transforma em noite
Sono confundido a devaneios próprios
Intimamente vagueio em ruas passadas
Em cobre, ouro, religiosidade
Feito homem divago 
Vago
Distraio
Atrelado as entranhas de um coração.

Entre
Faça-me festa!
Trague o frio
Trague o cigarro
Esquenta-me
Requente-nos para o jantar
À ceia farei prece para a benção de nós
Os nós difusos
Essas almas esfumaçadas que causam-me impressão surrealista
Surreal sonhos
E paisagens
Nossa inteira realidade
No sonho
Poesia, um pouco de fé. Ir-se-ia.

Um quarto quente para um tempo frio
Corpos vermelhos e incendiados na conformidade de um céu gris.
De giz somos feitos
A encruzilhada de traços, ao entorpecer de curvas
E ao se cruzarem estes dois rabiscos 
Faz-se sol na mente
No equilíbrio
Essa hora que passa
Não nos é.

Vá.
Adormeço ao remédio do cobertor ao ventar de frio
Pois quando chegares
Desnudo ficarei em respeito a chamas que nos envolve.



domingo, 2 de junho de 2013

Palma da Mão

Como uma lagarta contorcendo-se num beco úmido e escuro
Assim como sou
Sem idade
A flor da pele
Transformando o mais vil romance  no mais épico acontecimento de amor
A mais incerta criação na criatura inestimável.
O amor nada me perguntou
A paixão reergueu-se e clamou pela palma da minha mão quente e suada
para apalpar seu rosto
apertar forte sua palma
remexer seus cabelos como ondas que vão.
Não pude fugir
Sem reza fui homem
Fui mulher poetizando cada gesto seu
Na cama
No paraíso
na conversa cotidiana jogada no jogo.
Olhou concretamente em meus olhos como se eu fosse um anjo sexuado
Mas, secretamente, assexuado ante ao seu lirismo
ao seu suspiro.
Imóvel como céu consciente da habitação desta nova estrela
Repousei
Sem dormir
Sonhei de olhos abertos com o seu despertar
sem a hora
sem o dia.
Desencorajei-me
Entreguei-lhe o corpo sabendo da despedida.
Uma respiração
Um adeus.

sábado, 1 de junho de 2013

Água

Água é dama. Imensidão sobre si própria. Lágrimas infinitas e inesgotáveis de todos os viventes.
Água afoga e banha, mistura e recicla, evita e inunda, transforma e cria. Águas poéticas de outros mundos, de seres temporais e poetas. Fonte de toda luz, de todo o banho e sal do dorso, do projeto de vivência.
Cristalinas e infantis, brincam e gozam sem temer a nada, nem aos criadores, nem aos mau feitores. Grandiosa de toda fúria, quer arrebentar, arrebenta, quer chorar inunda, quer amar, golpeia, quer carinhar, aproxima-se tímida, como quem não quer absolutamente nada.
Abrigo de peixes, peixes desenhados e de cores quentes, e de cores frias, e dourados, paspalhos, intrigados e intrigantes, cardumes imensos exorbitantes. Água de beber do animal, da gente que é animal, mas a água que mata a fome, mata a sujeira cotidiana.
Arrebanha.
Gota por gota. Água por água. Calmaria espiritual e desejo profundo de vir a ser somente desejo, pois tudo leva, inclusive manchas do tempo. Dama inquieta de tantas vozes e tantas aparições, se aperfeiçoa, se afoga em seu ventre, se rememora de uma outra era.
Se vangloria por ser somente e simples, água.
Chuva de céu.
Goteirinha de campo.
Lágrima de chorar.
Rio de calmaria.
Mar de gente.
Oceano de imensidão inatingível.

Água de pura água.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Penetração Atrevida

Aliás, tive um sonho com você...
Não sei se era bom ou controverso
O fato é que era você. Você mesmo que causa fúria
E que penetrou só para me provocar
Não te digo
Se és malandro, arrisque Tu.
Não estou revelando
Aliás, és tu que estiveste em sonho meu?
Diga!

Todo enraivecido na fúria de uma arte furiosa
Essa minha arte que é você despertando os sentidos mais impróprios
Nesse alguém que sou eu
Prefiro não mencionar
Só digo que provoca
Bestializado fico com tantas inconformações. Creio que meterei.
Me terei a fim de extraviar tanta informação que disponho de Te.

Enraivece descrever tanta gente como você com ardor e poesia
Não és ardor, tanto menos poesia
És cru
És somente nu, um, nu.
No entanto insisto em dignificar a você num papel em muitas letras
Mais que lindo!
Um comentário profano de um deus literário que em verdade é alguém sem posses
O que me enraivece
E para distrair
Só tosse.

Dormi. Acordei.
Não sonhei com você.
Que vieste buscar em meus pensamentos?
Se não vieste buscar a mim e encarcerar meus devaneios....
Tome o caminho da rua
A porte de entrada também servirá de saída.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Jardim de Pele

Ele é a parte fúnebre do Jardim do Éden. Desde a pele rasgada  marcha em direção ao vento.
"O amor é a invenção mais problemática e jamais solucionada no agora e no futuro. Os amantes se intercalam, e ao se misturarem se perdem e se encontram numa traição pela carne. A carne apodrece depois de um respaldo de consciência, mas até ao chegar desta ideia, o coração desacelera, mesmo amando".
Esta era a mensagem de sua caderneta posta no criado mudo, não se sabia o autor, mas era o que não precisava ler, era o que precisava absorver.
As remelas saltavam dos olhos fundos e redondos, acordado com a alma ainda amassada, salto de um pulo, e a primeira coisa que fazia era olhar para a janela, à ver se o dia já amanhecera, se chovia, se o sol perturbava ou acalmava. Sua primeira era de ideia era o pensar nele, no pobre sujeito humano que flechara seu órgão cardíaco que agora acelerava a cada pensamento no ele, nas cousas dele, nas partituras dele. Pensava em seu café, seu corpo com ou sem fé, se o banho tardava ou recuava. Pensas nele? Não se sabe, nascia a tortura, caia a democracia. Tudo amanhecia mal, o ditador impostava um pensamento quase fúnebre no ele, de perda e de vontade. Seria ele seu amante, sua obsessão ou sua vontade perdida encontrada em qualquer órgão sexual infalível?
Rumou para o banheiro, não lavava o rosto, a água era gelada e manchava sua feição descosturada, quente e matinal. Sentou-se no sanitário, e pensava na primeira canção que viria a cabeça, nada de canção triste, queria algo de Elis, algo de Zé, ou qualquer canção americana, e nesta hora cantava uma parte, cansava-se, trocava de canção. Comandava sua sentença e qualquer música era o indício deixado por ele, mesmo sem sua permissão, pois aliás, permitira ele que ele pudesse pensar tanto nele? Suas orelhas entrariam em chamas? Não importava. Seu ideal era burlar as leis do sentimento fadado, mas mesmo assim não deixava de consultar o horóscopo ou qualquer sorriso amigo e cheio (ou não) de experiências.
Levantara-se do sanitário, percorreu moribundo até a sala de estar, parava, refletia e lhe saltava uma enorme vontade de fazer inúmeras caretas, sim, milhares de facetas, queria se enganar, se burlar, se alienar do próprio sentimento. Nascia infindáveis personagens em sua expressão, pobres e ricos de espírito, de porcos banhados se vangloriando das pérolas ganhas. Fazia a respiração, contava os passos, arreganhava os dentes e apareceu na janela. Não, a multidão não esperava por ele, e nem sombra de vento ou sombra de sua sombra ainda dormida, só um céu. Ah! Só o céu não bastava, sempre queria mais que a natureza pudesse oferecer. Ele era Deus em seu próprio rascunho, mas aquele imperfeito e cheio de infiéis. 
Cansara-se deste pequeno espaço de tempo, queria voltar a dormir, era quase uma vontade de ser um panda, mas não passava de um pandemônio que assustava-se com seus íntimos pensamentos. 
Ele amanhecera sem sexo no corpo, mas com sexo na mente, pensando nele e no seu corpo matinal e robusto. Se atormentou e foi até a cozinha, raivoso consigo próprio, e que não passasse ninguém e que não ousasse dar o Bom dia farto e ensolarado, seria capaz de lançar sobre tal a mais vil praga provinda do deserto egípcio. O rei se instalara e não queria ser incomodado. 
O que vinha na mente era o cheiro do café, mas não podia beber, era quente. Preferiu abrir a geladeira; abriu; lançou o bocejo mais fraternal, fechou a geladeira; Caminhou até a área de serviço, mirava as roupas, não queria se vestir, pensava nos nus dos corpos, a roupa não secara, e ainda assim pensava nas roupas sujas que teria que lavar, mas com ele, mas isso só era ideia, não cogitava a concretização. Tudo se tornaria poesia, inclusive as roupas e os produtos de limpeza. 
Voltara e num largar, ligar o motor das ideias do cotidiano e se lançou por entre os talheres e louças. Mordia a fruta, não pensava em nada, só no alimento percorrendo seu corpo e lhe dando força e saciedade. Engolia o leite, bebia o pão, e decidira no congresso individual se sentar na mesa como para refletir e des(misturar) os planos e ele. Até no café, que não havia café, havia ele. Pobre maldito, arrumara  um ser, um rapaz, um homem por projeto para não cessar o pensamento nele. Sem tantos dias, sem  tantas semanas ou horas, era ele, e ele tinha certeza de que o acerto, seria o certo, o correto, o descoberto. 
Levantara-se e ainda sem terminar de mastigar, movera-se de volta para a cozinha, lavava e lavava a louça, e gostava da água penetrando em seus dedos, esfriando suas mãos e dedos ainda quentes e amassados, cantava, recitava, fazia qualquer coisa que era arte, ali até na louça, no mais ínfimo cotidiano sem cor, encontrava arte e ele. A arte de seu agora era ele, mesmo fúnebre, lhe amparava em cor nos escritos cerebrais, nas tentações de planos para eles. 
Arruinara o relógio e novamente, um vento jazia somente sobre ele, não gostaria de ser quem era naquele determinado dia. Os lábios não cabiam para seu rosto, o cabelo não podia existir, as pernas e pés não lhe pertenciam; agora lhe assombrava o pensamento que não poderia ser ele o tal amado e tanto pensado pelo ele que ele pensava.
Se descosturou, aniquilou a roupa e nu se adorava, se vangloriava de seu corpo, sua matéria crua mas sem sexo, sem Diabos ou tentações. O banho era frio e lhe melava o corpo, se fosse mel, ai se fosse mel. As abelhas viriam e ele se entregaria e logo depois pensaria constantemente nas abelhas, em seu amor, em suas estruturas e asas, que voariam logo depois de usarem ele, para longe dele. Ai, o banho dele terminara, se penteava, se enxugava, cantava, novamente cantava, como era bom para ele, esse horário. Melhorara, sentia-se na rotina perfeita do dia perfeito.
Percorria nu do banheiro até o quarto e esse trajeto era mágico, sem tempo, não havia tempo, a sua natureza primária era livre e neste espaço de minutos, era como Adão, no Jardim do Éden. Sem traumas, sem infelicidades, sem tragédias ou maças expurgadas. Era somente outro em seu eu desnudo.
Já não pensava tanto nele, relia novamente:
""O amor é a invenção mais problemática e jamais solucionada no agora e no futuro. Os amantes se intercalam, e ao se misturarem se perdem e se encontram numa traição pela carne. A carne apodrece depois de um respaldo de consciência, mas até ao chegar desta ideia, o coração desacelera, mesmo amando".
Refletia e seu corpo agora era moreno e saudável, ensolarado e conexo com o céu, com a possível brisa com outros possíveis amantes e poetas.
Esquecera ele a partir de seu nu, a partir da releitura da frase imperfeita, verídica e traidora. 
Há algum quarto de hora, aniquilaria a si do tanto pensar nele. Ele não dera bom dia pelas conexões telepáticas, e assim era deste momento que nasceria o amor primário para ser transportado para o cotidiano indiferente.
Adão era ele. Ainda não vestido erguia o corpo no espaço do quarto e decidira colocar o primeiro pé para fora de casa sem pensar nele. Aliás porque, fora de casa há tantos humanos e animais. Ao passar a mão sobre o rosto esfregando nascia o pensamento - " Não se burle, o anule"
O jardim da pele era o corpo nu falando ao corpo vestido e carregado. Sem ele, era só ele.
Vestia-se e novamente, consertara o relógio e faltavam 15 minutos para não se atrasar.
Assim nascia o dia!

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Resquícios.

Quero não falar qualquer coisa
Coisa em vãos, coisas sem amarras
Ou palavras que não absorvam.
Por um momento sou desbocado
Mal criado, sem juízo, impertinente
Um bicho indomável, um rapaz intolerável
Seu afago, tua falta de paz, tua miragem distorcida.

Veja, possuiu a mim as coisas costuradas e remendadas
Porém belas, e trazidas como flor para você.
Se não te recordas
Neste intuito encanto nada posso fazer.
Faço sempre hora, não calo
Nada falo, tudo quero mentir
Omitir
Te contrair, te desabotoar, te desmentir
Não te esquives
Não te vadias
Nada é ordem 
Tudo é para o acalentar de duas proles
Dois polens
Crescidos
Pouco ou mal vividos
Mudos, falantes
Desde esses dois aos outros proibidos.
Mire como sou
Fale o que vês

Só posso aquilo que me ofereces
Por lei
Por olhar
Desde que entreguei meu corpo nu, jogado e frágil.