sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Falso Imaginario

Chove mas minhas lagrimas nao caem
Quentes, pedras revolucionam-se adentro de mim
Corroendo essas veias banais de um corpo
Corpo torto gozando de prazeres
Nao sao meus esses prazeres externos.
Sinto-me pequeno como jamais poderia ser
assim vejo a mim diante do espelho farsa
Mentindo
E assim em confissao, odeio
numa palavra concreta-pulsante-reflexiva
Instinto. Sou o puro instinto errante
que erra justamente nestas palavras. Sem acento. Sem vento
Sem o proprio eu.
Partindo sempre estou
fora de mim, dentro, ao avesso, penetrado. Contorcendo
Dizendo coisas insensatas somente pelo puro prazer da dor
de amargurar, de saber o que nao suporto
Tento, mas calma. Nao faca assim
tao pequeno sou, miudo, calado, em cacos diante do espelho do banheiro pequeno, tao confesso.

Atras da porta estou a escutar murmurinhos
Zunidos, contradicoes. Sera que sou isso?
Uma criatura, um ser sem palavras num imaginario falso
Palavras faladas doem. palavras escritas doem um pouco menos
Ao ecoar de seus labios vem acompanhada de teu halito quente, fresco
E seria como se o passado viesse a tona
em chicotes, assim, penitenciando a mim por seus erros. Bravos erros
Acerto que sou nada posso compreender. O passado e uma roupa lavada que a qualquer momento alguem pode tirar do varal
e essa roupa pode vir limpa ou desbotada.
O presente queima, mas o passado coca, e coca sem parar, definhando a carne.
Ah! essa gente conexa faz muito barulho sendo que ja chega a hora de dormir
Repousar a carne.
mas vejo uma barata no chao no meio da noite quando saio para beber agua e ja nao me espanto, ela traz a certeza de que acordado me encontro, dilacerando as horas
as feridas, as tais palavras faladas, e nao escritas.
Nu, prefiro ficar nu para sentir, sentir verdadeiramente o que se passa.
Comovo-me com coisas suas, pequenas, expostas, tao suas coisas que de serem tuas
o faz assim, uma palavra escrita.

Uma fera que me guardo. Zumbo pela mata de medos
machuco para nao ser ferido, mas assim morro. no desgosto, no rosto, nas entrelinhas
buscando os mais pequenos cacos pelo chao do banheiro
precisso sair recomposto, para tais palavras
Como uma lacraia asquerosa contorcendo se num beco umido e escuro me sinto
Assim sentindo o resto-rosto como impenetraveis. Insaciavel que releio a memoria
cocando o peito, a nuca, as maos assim o passado se alastra
domado, so relembro de palavras faladas. Venenosas como cobras, torturando uma lembranca inquieta.
Como o Diabo ama, em chamas, assim amo, em chamas.