domingo, 1 de fevereiro de 2015

Esta Cidade

Vontade primitiva de correr descalço pelos ventres desta cidade
instaurar nova civilização, conduzir o povoado de minhas ideias
rugir sem cessar, ir e vir ao cair e assombrar da noite 
em qualquer hora, qualquer minuto, todo asfalto.
Vontade rasgada de ser qualquer um, sentir seu vento, provar seu fruto
ameaçar sua descoragem, desnudar, correr, correr, um pouco mais correr
Vontade da vontade de possuir suas aspirações
olhar pela janela de qualquer prédio
entrar em centenas de umas casas
sentar em algum qualquer sofá desta cidade e assistir sua vida cotidiana, fluída e incapaz.
Vasta vontade de ser a luz de seus olhos, sua escuridão contida, seu recomeço
Sou eu,  é você, somos nós diferentes, alheios a prosa mal contida desta cidade
Seu alvoroço
Sua enfermidade
Esperança singela.
Apenas sou seu desconhecido, febril, penetra em seus ares desvirginados
um mais, cem mil aspirações.
De nada venho, ao tudo busco sobreviver
Me afogar em seus mares de cá e lá, pertencer às suas ruas avessas iluminadas
ler em praça pública suas maledicências e maravilhas
seus prantos confundidos aos meus
de amores. Trezentos e sessenta e cinco amores.
Infinito de vontade de escancarar os desejos que me velam sobre estar em tal cidade
sendo finito abrigo o infinito
senão consequência, vontade de voar por seu norte e sul
ser andarilho do tempo, não da hora.
Sou pura vontade
de ser
o que me infinito puder ser.