sábado, 1 de junho de 2013

Água

Água é dama. Imensidão sobre si própria. Lágrimas infinitas e inesgotáveis de todos os viventes.
Água afoga e banha, mistura e recicla, evita e inunda, transforma e cria. Águas poéticas de outros mundos, de seres temporais e poetas. Fonte de toda luz, de todo o banho e sal do dorso, do projeto de vivência.
Cristalinas e infantis, brincam e gozam sem temer a nada, nem aos criadores, nem aos mau feitores. Grandiosa de toda fúria, quer arrebentar, arrebenta, quer chorar inunda, quer amar, golpeia, quer carinhar, aproxima-se tímida, como quem não quer absolutamente nada.
Abrigo de peixes, peixes desenhados e de cores quentes, e de cores frias, e dourados, paspalhos, intrigados e intrigantes, cardumes imensos exorbitantes. Água de beber do animal, da gente que é animal, mas a água que mata a fome, mata a sujeira cotidiana.
Arrebanha.
Gota por gota. Água por água. Calmaria espiritual e desejo profundo de vir a ser somente desejo, pois tudo leva, inclusive manchas do tempo. Dama inquieta de tantas vozes e tantas aparições, se aperfeiçoa, se afoga em seu ventre, se rememora de uma outra era.
Se vangloria por ser somente e simples, água.
Chuva de céu.
Goteirinha de campo.
Lágrima de chorar.
Rio de calmaria.
Mar de gente.
Oceano de imensidão inatingível.

Água de pura água.

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