quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Minha Vó tem Rugas.

Os rins pararam
O coração palpita
Dama nobre de cobre vive onde Deus não sabe se habita.
Tuas rugas são como desenhos em teu corpo e face
Onduladas
Condenando sua pouca velhice.
Velha.

Velha de centenas de cheiros
Eu queria bolo
As cores de sua televisão
Seu filme contente para adormecer em seu cobertor.
Ela é dama de pose tropicália
Olhos chiques para lábios pequenos
E falava, falava, falava
Não era a demência
Nós ouvidos para ser platéia.

Um tanto filha
Para tanto mãe
Padecendo avó.
Dama do cais se fosse conto
Apenas o abandono de um navio que rumou para Larissa
Pés de operária e mãos de cetim
Fazendo sofrer
Sofrendo na mesma equivalência.

O coração parou
Cigarro segue aceso na piteira assim como a água esquentando para o café.
Ruínas da fé.
Mariinha para amenizas o peso de Maria Aparecidade
Nome de santa
Santa nada é.
Ela tossiu para alimentar os pulmões
Apito natural avisante de que a senhora estava viva.

Jamais soube.
O cheiro de sua casa me toma
Em qualquer espaço me invade a memória.
Essa mulher é louca
Mas alimenta meu coração num espaço sagrado.

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