sexta-feira, 7 de setembro de 2012

No tempo em que fui Mar

Fui canção da civilização em um nascer de vida longa.
Nas águas remotas clareando a areia no passo de borrar os escritos passados.
Noite ancestral no ritual das cabeças pensantes, seus corpos endiabrados desnudos em mim, meramente água deste mar, bom, mar.
Dia astral ao lamber seus dedos cansados, lavanda e lavados, à cerca dos peixes e de qualquer vida afogada na profundidade de mim
Barquinhos e constelações em pesca ou refúgio
Descobrimento ou simples penetração de minhas leves ondas
E se chove são nefastas as lamúrias de minhas faces obscuras águas para um céu gris e pouco abençoado
Para sempre no passado presentemente no banhar do futuro. Inundo vivamente em prantos as mesquinharias terrenas.
Desdenhando a lua. Silêncio! Pausa na montanha de fala
Estou amamentando por meu seio imensidão o naufrágio que é ser vida, virá a ser vida, em prazer vida.
Morrem os desgostos e nascem as nadadeiras
Aproxima-se a hora do sol, de meu amado refugiado, acalentando-me com cores vivas e ilusoriamente amarelas
Ele veio  beijar a mim, em meus mil lábios escondidos na transparência de minha pele água.
Surge o novo sem ideia e centenas de carnes reprimidas se banham em mim. Vá Sol!
Exausto estou e farto de visitas vazias. Se furioso me encontro, meus dentes ondas mordem suas colunas vertebrais.
Sujo me encontro no agora, são os tais sentimentos podres que caem sobre o eu ser mar nesta época
No tempo em que fui mar
Não sentia sede
Sensações diversas desaguavam em mim.

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